Denomina-se Meliponicultura a criação racional de abelhas NATIVAS sem ferrão, atividade já praticada há muito tempo pelos povos nativos da América Latina, com origem no México. – Dra. Genna Souza – Meliponicultura básica para iniciantes – 2020 – 1ª edição.
A meliponicultura é uma atividade tradicional passada de geração em geração e até hoje continua sendo praticada pela população que mora no campo. Sua implantação nas cidades está crescendo cada vez mais justamente por se tratar de uma atividade prazerosa para todos os públicos.
Os principais objetivos da meliponicultura abrangem a conservação e preservação da fauna e flora nativa, considerando que as abelhas são os principais agentes de polinização (transferência de grãos de pólen entre as flores, da estrutura masculina ‘‘anteras’’ para a estrutura feminina ‘’estigma”) das plantas nativas e agrícolas.
O manejo das abelhas nativas, pela atividade racional da Meliponicultura, torna-se cada vez mais valorizado e pode significar parte da renda familiar, envolvendo mulheres, jovens, agricultores familiares e cooperativas agrícolas. As abelhas nativas são essenciais à polinização da maioria das árvores das florestas e demais ambientes naturais, o que as coloca como vitais para a conservação dos Biomas Brasileiros, no caso da KAAYUBÁ, o Cerrado. A sua criação desestimula as queimadas, o desmatamento, a poluição local das águas, desempenhando importante papel de educador ambiental.
Uma atividade sustentável é aquela que pode ser mantida para sempre. Em outras palavras, uma exploração de um recurso natural exercida de forma sustentável durará para sempre, não se esgotará nunca (MIKHAILOVA, 2004, p. 25)
Vista como uma oportunidade única de minimizar os impactos causados pelo homem na natureza, a meliponicultura desenvolve papel social sustentável adotando formas de consumo, produção e reprodução que respeita e pratica os direitos humanos e a capacidade regeneradora da terra, com a polinização de plantas nativas e o repovoamento de espécies para os biomas. A criação racional de abelhas nativas sem ferrão é um marco para a nova geração de renda sustentável, dentro das propriedades de agricultura familiar, comunidades tradicionais quilombolas e ribeirinhas, aumentando a produtividade e garantindo a polinização, aliada com a produção de mel, própolis e samburá, produtos naturais produzidos pelas abelhas, oportunizando a comercialização e fabricação de Meliprodutos (extrato de própolis, cremes e séruns a base desta, sabonetes, manteigas, balsamos dentre outros), contribuindo com uma renda significativa para o desenvolvimento do meio rural e urbano.
A boa prática da meliponicultura é um ato nobre principalmente com relação a escolha da espécie a ser manejada, levando em consideração a área de ocorrência geográfica do local onde será criada. Essa atividade praticada com conhecimento garante uma Meliponicultura Profissional, com a minimização de perda de colônias, depredação de ninhos naturais, auxilia no controle de queimadas, gera renda de maneira sustentável contribuindo para a manutenção da biodiversidade brasileira.
WINTTER, S; SILVA, P. N.: Manual de boas práticas para o manejo e conservação de abelhas nativas (meliponíneos). 1. ed. – Porto Alegre: Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 2014 IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; CANHOS, D. A. L.; ALVES, D. A.; SARAIVA, A. M.: Polinizadores no Brasil: Contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais. São Paulo, EDUSP, 2012.